sexta-feira, 15 de abril de 2011
Sapo com medo d'água
Sapo com Medo D'água
“Dois homens, fugidos da prisão, pararam na beira da lagoa para matar a sede e descansar um pouco.
Um sapo dormia debaixo da samambaia.
Os bandidos agarraram o sapo.
- Olha que desengonçado! – disse um deles, apertando o bicho entre os dedos.
- É feio que dói! – completou o outro com cara de nojo.
E os dois resolveram fazer maldade.
- Vamos jogar no formigueiro ?
Ouvindo isso, o sapo estremeceu. Por dentro. Por fora, abriu um sorriso indiferente.
- Que nada – respondeu o outro, percebendo que o sapo não estava nem ligando. – Pega a faca. Vamos picar ele todinho.
O sapo, de olhos fechados, começou a assobiar uma linda melodia.
Os dois bandidos queriam dar um jeito de fazer o sapo sofrer.
- Sobe na árvore e atira ele lá do alto.
- Pega um fósforo e acende uma fogueira. Vamos fazer churrasco de sapo!
O sapo espreguiçava-se tranqüilo entre os dedos do homem.
Um dos bandidos teve outra idéia.
- Já sei! Vamos afogar o desgraçado na lagoa!
Foi quando o sapo deu um pulo desesperado e começou a gritar:
- Tudo menos isso!
Os malfeitores, agora sim, tinham chegado onde queriam.
- Vai pra água, sim senhor!
- Não sei nadar! – berrava o sapo.
- Então vai morrer engasgado!
O bicho esperneava:
- Socorro!
- Vai sufocar de tanto engolir água!
- Não!
- Vai virar comida de jacaré!
- Tenho mulher e filhos pra cuidar!
- Joga bem longe!
- Me acudam!
- Lá vai!
O homem atirou o sapo no fundo da lagoa.
O sol estava redondo.
O sapo – ploft – desapareceu no azul bonito das águas.
Depois voltou risonho, mostrou a língua e foi embora nadando e cantando e dançando e requebrando n’água, feliz da vida.”
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