segunda-feira, 30 de maio de 2011

A beleza dos urubus

Passeando pela linha verde, em direção à praia do Abaís, avistei um casal de urubus no coqueiral, parecia que estavam a refletir sobre a vida.
Desde adolescente que tenho admiração por estas aves, achava-as bonitas e diferentes e ficava a imaginar o porquê, eram tão rejeitadas, excluídas.
Respondiam que era o gosto delas por lixo, dos restos animais. Eu respondia: e daí, é a natureza deles!
Hoje fico a imaginar qual é a culpa dos urubus, já que no reino animal não existe o processo da educação?
Como seriam os urubus se lhe ensinassem as etiquetas? Eles aprenderiam? Ou a natureza falaria mais alto?
De acordo com Maquiavel (cientista político) a natureza do homem muda de acordo com a situação em que se encontra.
Assim sendo, será que a educação tem o poder de modificar a nossa natureza? Nossas atitudes? Ou será que revelamos a nossa verdadeira essência de acordo com que a vida nos oferece?
É também do saber popular que a nossa espécie é diferenciada das outras, pela racionalidade, sustentada na consciência do que é certo ou errado.
Bela sabedoria!
E a nossa sociedade racional deixa as crianças conviverem com os urubus que vivem de acordo com que a sua natureza irracional lhes oferece.
Assim caminha a humanidade...
E os urubus?
Tem seus admiradores: o sábio escritor Rubens Alves, eu, e até aqueles que lhe ofereçam uma bela canção “Os urubus e as nuvens”.
Telma Costa

sábado, 28 de maio de 2011

Trabalho voluntário com o grupo Prosarte

Um experiência que traz crescimento pessoal, emocional e profissional.





Divulgo esse belo trabalho do nobre colega Antenor Aguiar que admiro pela dedicação e seriedade com que se dedica a esse projeto de amor e solidariedade!

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Catadores de lixo

Catadores de lixo
Do lixo que ajudei a produzir


José, João e Matias...

Que passam por nossos olhos, todos os santos dias.

Mas só passam,

Porque nossos olhos fingem que não os ver.

_ Moça, me dá dez centavos?

Dilema da sociedade: dar ou não dar?

Melhor não dar, se acostumam e não querem mais trabalhar.

Digo que não tenho e pergunto por seus pais.

Apontam para a esquina, vejo o pai, observo que não é nenhum explorador da boa vontade alheia, é apenas um catador de lixo.

Arrependo-me de ter dito "não" e digo que vou trocar o dinheiro.

Meu dilema: dar ou não dar?

Dar vicia. A nossa sociedade já está viciada: bebidas, drogas, prostituição, corrupção...

Então procuro não contribuir com o vicio.

Compro um pacote de biscoito, saio do mercado, e eles não estavam mais lá.

Tudo bem, a vida é deles, não tenho nada com isso e nem posso resolver.

Uma semana se passou, e encontro-os fazendo carrego.

Eles estavam tagarelando com a dona das compras, e o pai atrás catando lixo nos vasilhames que encontrava. Com certeza os garotos já sabiam que a sociedade não permite pedintes ou foram a alguma missa em que o padre falou: “O homem deve comer do pão do seu suor”.

Homens?

Dei um real ao pai e disse que era para comprar biscoito, que eu devia aos garotos.

Lavei a alma. Dei ponto final na história, afinal o que posso fazer?

Posso ou não posso?

Conheço um cego, seu oficio, tocar sanfona. Seu sonho: enxergar, nem que seja por um minuto para poder vê os seus filhos (confidenciou). Pensei: (pelo menos não enxerga as
mazelas da sociedade). Maldade da minha mente. Ele nunca sentirá a alegria de vê o sorriso de uma criança, dos seu filhos e netos..

Fotografei (mentalmente) o sorriso dos meninos, porque apesar de produzirmos lixos: desigualdade social, preconceito, ambição, egoísmo, às crianças ainda conservam almas puras, e não foi à toa que o Mestre os defendeu "Deixem que as crianças venham a mim" Matheus 19.(13-15).

Fotografei-os (mentalmente) tomados banhos, com roupas limpas. Não sei, se roupa e banho dão felicidade, mas com certeza dar um pouco de dignidade!

Então descubro que meus olhos estão cheios de cisco e que é preciso enxergar os filhos da fome, da miséria, que ajudamos a construir.

E entro no sonho dos nossos governantes de acabar com a fome do nosso país.

Sonho?!

Seria realidade se os políticos tivessem seriedade e boa vontade.

E minha alma não enxerga a alma dos políticos, porque, eles podem realmente ajudar e nada fazem, provando que nada se faz quando a alma é pequena.

E como ficam os nossos guris?

Eles vão ficando, ali, acolá, porque o povo ajuda como pode.

E os políticos?

Se eles realmente se preocupassem com o povo com certeza pensariam como Abraão Lincolin:

"Eles não querem muito, só conseguem pouco e eu preciso vê-Ios" 

Telma Costa

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terça-feira, 17 de maio de 2011

Um sonho...após a vida

Um sonho... após a vida...


A morte faz parte da vida.
Aparentemente a vida não faz parte da morte.
A vida tem sabor, beleza, perfume, música e o toque do amor.
Teoricamente na morte o corpo não sente, não ouve, não vê, se esvazia todos os sabores e perfumes.
Dos meus nove anos aos dezessete, eu tinha que dormir com minha avó, separada e cardíaca,como na casa não existia cama de solteiro, dormíamos juntas. Muitas madrugadas eu ficava a observar a sua respiração com medo que ela morresse.Cena de terror imaginária" Acordar com minha querida vovozinha, mortinha . DEFUNTA."
No dia da sua morte, que não foi na sua cama e sim no hospital de Estância, presenciei o seu último momento agonizante, que me levou a passar dois anos dormindo de luz acesa com medo que o fantasma da minha querida avó se manifestasse.
Hoje como contadora de histórias ( Grupo Prosarte) tive algumas experiências relacionadas com a morte, podendo presenciar em quartos de hospitais mãos comungando a fé e a esperança na luta pela vida.
Lembro de uma jovem de 15 anos que ia se operar do coração. Na véspera da cirurgia passei a tarde no hospital, contei-lhe história e ela pediu a minha irmã que orasse por ela. Passados quatro dias, eu voltei ao hospital para visitá-la e sair deprimida. Uma enfermeira relatou-me que na manhã da cirurgia, a garota pediu a sua irmã que lhe fizesse uma trança para ficar bonita depois do operatório ...0 coração não resistiu. Guardei apenas a lembrança do seu último sorriso.

Não desisti das minhas visitas, senti que essa minha ligação com a morte faz parte da minha missão. A idade e as aparências dos doentes me enganavam com maestria, conheci idosos que eu pensava que iam morrer e jovens que pensava que iriam se recuperar logo, e como me enganei!
Diz a biblia em Ec1esiastes 11

Uns dos jovens que visitava, tinha 18 anos, alegre e comunicativo. Fiz-lhe visitas durante três meses. Algumas vezes encontrei-o abatido, sem fé achando que não sairia do hospital vivo.
Convidei a missionária Elisabeth Bacellar para ministrar a palavra de Deus que o deixou muito animado e esperançoso.  Certa vez encontrando-o muito triste, dei-lhe de presente um livro infantil de minha autoria "Sementinha de Abóbora", ele adorou saber que eu escrevia e disse que mostraria o livro aos amigos quando retornasse a cidade. Doce esperança "quando voltasse pra casa"
Neste dia avisei-lhe que iria passar 15 dias sem visitá-Io e quando voltasse queria a noticia da sua alta. Vinte dias depois desta despedida tive um sonho esquisito e quando acordei senti que alguém passou a mão nos meus cabelos. Chorei. Esperei amanhecer e liguei para o hospital, pedi informações, e a atendente disse "sinto muito".
APENAS 18ANOS E TANTOS SONHOS... Orei pelo seus familiares e sentir no meu coração que a morte não é o fim. .
Qual seria o sentido da vida se a morte anulasse nossos sonhos e projetos?
Conheci um garoto lindo como a luz do sol ( 12 anos). Toda vez que eu voltava do hospital, contava aos meus filhos sobre a sua força de vontade, o sorriso, a energia que ele passava apesar do sofrimento de longos meses.
Por que será que só damos valor a vida através do sofrimento?
Em um dia de domingo, acordei triste, com um aperto no coração, pensei em visitar meu amiguinho, convidei minha irmã missionária para irmos à tarde ao hospital. Na hora do almoço tomei uma taça de vinho, dormi, e deixamos a visita para o outro dia.
A morte não tem hora, o coração fala e a gente não ouve.

Relatar essas experiências faz doer o coração, mas acredito que coração que não dói é porque está morto.
Um dia...
Meu sonho de vivente...
Que todos tenham o mesmo conforto nos hospitais.
Que pessoas visitem mais os enfermos.
Que os médicos e os enfermeiros se vejam no olhar do outro.
Um sonho... Após a vida...
Eu morta contando histórias para Jesus e seus anjos.
 Quem sabe Sementinha de Abóbora... E outras histórias...
Telma Costa

sábado, 14 de maio de 2011

Sexta-feira 13 no Sesc Centro-Momento Cultural


Parabéns a toda equipe do Sesc Centro por proporcionar a sociedade sergipana momentos de alegria, distração e reflexão através do mundo das histórias infantis.
A sexta-feira 13 foi acompanhada de muita imaginação e “sorte” com D. Baratinha (conto popular), Sementinha de abóbora(minha autoria),Macaquinho saí daqui(conto popular),A vaidosa Lolita(tio Gaspa),Menina Bonita do Laço de fita(Ana Maria Machado),nosso cantor Minho San Liver e Adima Pinto(companheiros história não tem hora) e todos os belos adultos com almas de criança que nos agraciaram com sua presença.
                                                                              
Foi Lindo!


Um abraço especial para  a Bibliotecária Gil





quarta-feira, 11 de maio de 2011

História não tem hora




História não tem hora

“ A contação de histórias assume a responsabilidade de transmitir a memória coletiva, a qual está impregnada de um caráter extremamente prático e fiel a uma sabedoria que se mantém  atual através dos anos, porque é resultado das mais variadas experiências de vida, com as quais as pessoas ainda se identificam. Ao conhecer o trabalho de Telma Costa e Adilma Pinto, que com tanto entusiasmo e dedicação encantam com suas contações de histórias, tive a certeza de que, esta arte da oralidade ainda estimula a sensibilidade e a imaginação das crianças, além de despertar para o gosto da leitura”.
                                                       Claudia Stocker
                                           (Diretora da Biblioteca Pública Aglaé Fontes de Alencar)



Agradecemos de coração a todos que fizeram e fazem parte da nossa caminhada.
Alguns locais onde apresentamos o projeto do Cd História não tem hora

Excursão Étnico - Histórico -Terra dos Índios Xocós
Igreja Nova Aliança
Biblioteca Pública Epifânio Dória
Biblioteca Aglaé Fontes
Faculdade São Luiz de França
Colégio Coesi
Escola Parque de Sergipe
Centro Educacional Professor José Sebastião dos Santos
Colégio COC- São Paulo
Colégio Santa Chiara
Colégio Dom José Brandão de Castro
Colégio Liceu de Estudos Integrados
Colégio Espírito Santo
Escola Parque dos Faróis
Escola Renovar
Projeto Sergipe de Todos(Biblioteca Aglaé Fontes)
Creche Bem-me-quer
Lar Santa Zita
Cantinho da arte-UNIMED
Lar do Pequenino
Biblioteca Municipal Clodomir Silva
Exposição Cultural de Maruim
Escola Municipal Maria Givalda
Colégio Criativo
Colégio Estadual Dom Luciano
Colégio Estadual Rodrigues Dória
Escola Madre Tabernaculo (Estância)
Câmara Municipal de Estância
Biblioteca Municipal Mon. Senhor Silveira(Estância)
Escola Municipal de Educação Fundamental Alcebiades Melo Villas Boas
Espaço dos Cordelistas- Feira de Sergipe
Centro de Geriatria Dr. Abud
9ª Bienal do Livro - Bahia 2009



 

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Prosarte

 Prosarte- uma história de amor e solidariedade

O que significa Prosarte?
    A junção de Prosa + Arte
E para você o que significa o Prosarte?
 Significa a grande possibilidade de doar-me ao outro.
Como surgiu e qual a finalidade do Grupo?
Surgiu quando do encerramento de um curso denominado “A arte de contar histórias”, o ministrante Profº Valter de Sousa sugeriu que a avaliação final do curso seria contarmos histórias em uma creche, o que fizemos muito bem, daí os membros do curso resolveu criar o Grupo Prosarte de Contadores de Histórias com a finalidade de levarmos está arte milenar a todos aqueles que queiram ouvir.
Quais os lugares onde o grupo se apresenta?
Nas creches, orfanatos, asilos, colégios públicos, bibliotecas públicas, hospitais, em fim, aonde queira nos ouvir.
Qual a influencia da arte de contar histórias para a formação de leitores?

Escutar ou ler histórias é o início da aprendizagem para ser um leitor e ser leitor é ter todo um caminho de descobertas e de compreensão do mundo, absolutamente infinito.
Existe diferença em o grupo atuar no hospital e em outros lugares?
Existe sim, pois cada local tem suas peculiaridades como: Espaço, público, faixa etária, finalidade, e que devem ser respeitados.
Quais os dias de apresentação do grupo no hospital e quantos integrantes atuam?
Toda terça-feira à tarde, contamos com dois  à quatro voluntários.
 É possível descrever experiências positivas ou negativas no ambiente hospitalar?

É possível sim! E são tantas positivas contra uma pequena quantidade negativa que daria para escrever um livro.



Na sua experiência a contação de histórias ajuda a humanizar o ambiente hospitalar?
Disso eu tenho certeza absoluta, e exemplos diversos que indicam essa mudança de hábitos e atitudes no sentido evolutivo de humanização.
Qual a importância da contação de histórias para o desenvolvimento da criança no hospital?

A história por si só exerce uma ação terapêutica, pois ela: acalenta, afaga, acaricia, tranqüiliza, humaniza, dá energia e forças para a caminhada, quer no hospital, ou em outros locais da convivência humana.
De que forma a sociedade pode ajudar o grupo?

O grupo é composto de pessoas que se propuseram a desenvolver essa atividade de forma voluntária. O que o grupo espera, é que haja um engajamento e disponibilidade maior dessa sociedade, nesse e em outros trabalhos voluntários.
 Qual a mensagem que o senhor pode nos deixar como coordenador do grupo?

Sei que a hospitalização causa sofrimento e medo, afetando muitas vezes o emocional do paciente, do acompanhante e até de nós próprios. Mais sei também que a história é terapia e que procura criar maior aceitação do procedimento doloroso, no alívio da dor, da doença, dos procedimentos médicos, na humanização é no processo de cura do paciente.
É por tudo isso, que nós que compomos o grupo Prosarte de contadores de histórias, estamos nessa missão, de levarmos através de histórias o amor, a saúde e paz aos nossos irmãos em Cristo Jesus.

Obrigado pela oportunidade.

                                                                                                                 Aracaju- 2010
Nome: José Antenor Aguiar
Idade: 63 anos
Profissão: Contador de Histórias
Entrevista cedida pelo  coordenador do grupo para o livro “ A vida é um grande Mistério”  do escritor-jornalista  Carlos Tadeu (Daniel Reis)


segunda-feira, 2 de maio de 2011

O sapo com medo d’água-versão

Vou contar pra você (vocês) uma história que meu avô contou:
Há muito tempo atrás, na época em que os bichos falavam, existia um sapo muito velho
Que contou sua história para todos que queriam ouvir:
Existia perto da lagoa uma menina que era muito levada e malvada, todos temiam aquela menina.
Certo dia sua mãe estava dando faxina quando viu a menina de cabeça pra baixo na estante da sala. A mãe não aguentou:
- Menina, o que é isso? Você me mata de susto. Saí daqui, saí, vá pra lagoa brincar com os animais.
Coitado dos animais...
A menina chegou de mansinho, de mansinho, e viu o Sr Sapo.
A menina pensou: (Já sei, vou fazer malvadeza com o sapo)
E ela foi.
Subiu em cima do sapo e começo a gritar:
- Sapo feio, verde. Vou fazer malvadeza com você.
O sapo estava com medo, o coração disparando. Pra disfarçar ele cantou assim:
_Tô nem aí, Tô nem aí, Tô nem aí (ao ritmo de qualquer música popular)
A menina nem se assustou e disse assim:
- Além de feio, fala e não tá nem aí. Você vai ver.
A menina diz que vai jogar sal em cima dele.
O sapo canta:
_Tô nem aí, Tô nem aí, Tô nem aí.
A menina se zanga:
Vou amarrar você na árvore!!!!
O sapo canta:
_Tô nem aí, Tô nem aí, Tô nem aí.
Até que a menina tem a idéia de jogar o sapo na lagoa pra ele morrer afogado.
Era isto que o sapo queria e começou a gritar para enganar a menina:
-Menina, por favor, nãooooooooooo, lagoa nãoooooooooo, não quero morrer afogado.
A menina que gostava de fazer malvadezas, ficou toda feliz, contou até três e jogou o Sr Sapo
na lagoa.
Ele desapareceu e logo em seguida apareceu no meio da água cantando assim:
“O sapo não lava o pé, não lava porque não quer, ele mora é na lagoa não lava o pé porque não quer. Menina Mané”. E saiu cantarolando.
A menina ficou encolhida, tristonha, envergonhada. Dizem que ela não fez mais malvadezas com os animais. Dizem.
Na verdade quem se deu bem foi o Sapo que contava essa historia pra todo mundo que encontrava no caminho e no final sempre cantava assim:
“O sapo não lava o pé, não lava porque não quer, ele mora é na lagoa não lava o pé porque não quer. Menina Mané”.

Essa versão não é de minha autoria, ouvir em algum lugar e conto no HU (Hospital J.Alves), as crianças adoram.
O sapo com medo d’água é um conto popular,que foi passado de geração em geração através da oralidade,sem registro do autor. Como diz o provérbio: “Quem conta um conto acrescenta um ponto”.
                                                                                                                      Sucesso!