Quando me apresento nas escolas públicas alguns alunos se oferecem para serem meus ajudantes ou ficam curiosos quanto à apresentação. Em um desses momentos um aluno de doze anos ficou interessado em relação ao que eu fazia e como era o meu trabalho.
Respondi conforme minha experiência de escritora e contadora de histórias, e o convidei para ser meu assistente.
Coloquei os meus livros e o Cd “Historia não tem hora” para exposição e ele indagou se era para a distribuição. Eu respondi que iria sortear dois e os outros eram para vender. Passo o preço, trazendo espanto para ele, dizendo que era caro. Expliquei o custo de todo o material, o investimento e o trabalho de divulgação.
Ele escuta atentamente e responde:
- Então você não tem lucro professora?
A pergunta pegou-me de surpresa. A nossa sociedade nos estimula a valorizar o lucro acima de tudo, esquecendo as ações humanitárias. Realmente é difícil desenvolver um trabalho pensando em determinados valores como compartilhar, inspirar, incentivar, se é preciso pagar moradia, transporte, água, luz e o pão de cada dia.
O garoto tinha razão, meu lucro quase não cobre às despesas. Pensei, pensei, e disse-lhe que ele tinha razão, mas no meu caso eu estava investindo no meu sonho, que cada pessoa se realiza de maneira diferente.
Acrescentei que viver da arte era difícil, mas não era impossível. Que ele poderia almejar uma profissão que lhe rendesse bons lucros para investir no que necessitasse para uma vida confortável , mas, se ele tivesse dons artísticos poderia conciliar os dois trabalhos (citei casos de pessoas que conheço). Acrescentei que o mais importante é que ele nunca deixasse de acreditar no valor da arte e dos seus sonhos.
Ele ficou satisfeito com a resposta e eu a pensar:
Qual o valor dos nossos sonhos?
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