terça-feira, 26 de maio de 2020

O tempo precioso de todos nós!


Há algum tempo atrás as crianças batiam na minha porta a fim de atenção de alguém que brincasse com elas e a todas eu recebia com zelo e carinho.

Às vezes minha filha ficava enciumada e eu a abraçava, achava engraçado o seu ciúme infantil e a conquistava dizendo que todos somos filhos de Deus, carentes de atenção.

Certa ocasião uma garota que teve uma intriga com minha filha tocou em minha porta e disse: Telma posso entrar? Minha filha grita do sofá: Nãoooooo.

Eu converso com minha filha e deixo o seu desafeto entrar. Não sei se agi certo para o seu sentimento e o nosso relacionamento futuro de mãe e filha. Só sei que não sabia rejeitar as crianças que vinham a mim.

Uma dessas crianças brincando em minha casa me questionou: - Telma que bom que você tem tempo pra gente. Minha mãe é muito ocupada e não pode brincar como você.

Eu respondi: - nossa incrível a ocupação de sua mãe e gostaria de ir lá parabenizá-la por ser tão ocupada.

Abri a porta e ela ficou parada, paralisada. Eu disse: “vamos lá, quero ver o que sua mãe está fazendo.” Falei por falar. Eu já sabia que ela descansava dos serviços domésticos.

Ela sem graça falou:- Minha mãe está dormindo Telma e se eu a acordar vou levar bronca.

Então ela foi brincar com minha filha, eu fui fazer pipocas para o lanche e na certeza que ela na sua inteligência de pré-adolescente entendeu que cada um escolhe o que faz com o seu valioso tempo.

E o tempo passa e todos crescem ou morrem no meio desse caminhar e hoje eu fico a observar que nenhum deles tem um pouco de tempo para lembrar dos bons tempos da infância e tirar um pouco do seu precioso tempo para me mandar uma mensagem ou até um telefonema.

Mas eu me conformo neste tempo de pandemia, um tempo tão delicado e complexo que nos dá tanto tempo para pensar em coisas que nos trouxe alegria, empatia e até pequenas desarmonias com todos que estiveram ao nosso redor.

Penso também que o meu tempo dedicado não foi em vão e com certeza serviu para despertar o meu dom de escritora infantil e que todas as crianças que conviveram comigo fizeram e fazem parte do meu imaginário, assim como o povo de Estância serviu para as ficções do escritor Jorge Amado nos seus aclamados livros Tieta do agreste, Tereza Batista Cansada de Guerra e Capitães de Areia.

Assim aprendo que o tempo ensina e por isso sempre é bom refletir que cada um usa o seu tempo como quiser, para ser grato, reclamar o até questionar como fez o mestre Jesus no seu último ato: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?”

E eu agradeço a Deus por eu ter usado o meu tempo em coisas edificantes e valiosas e que no final a vida sempre está em concordância com os Seus mistérios e com as afirmações da sagrada bíblia “Portanto tudo pra Ele, por Ele e a Ele seja a gloria perpetua.” (Romanos)

Amém!

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